Adorei este artigo do jornalista Felipe Basso:
"Desde que você me leve para passear ao menos uma vez por dia, e que limpe as minhas necessidades, e que me alimente, e que me leve ao veterinário, e que me medique, eu serei seu melhor amigo e não exigirei nada em troca. Se algo não for cumprido, se eu ficar de castigo, se eu não sair na hora habitual para o meu passeio, pode ser que eu faça minhas necessidades em locais inapropriados, ou estrague algum pertence seu como um sapato, por exemplo.
O amor incondicional dos animais de estimação, que nada pedem em troca, não passa de um acordo, de um contrato previamente estabelecido. Você sabe o que ele é capaz de lhe oferecer e não alimenta expectativas maiores. Entendemos suas limitações e nos satisfazemos, mesmo assim. Exigimos o mesmo, diariamente, sem aumentar a dose. Queremos rabos abanando, lambidas quando passamos pela porta e um olhar meio triste quando saímos, para nos sentirmos queridos, amados. Isso e nada mais, por anos a fio.
Agora, por que não agimos da mesma maneira com nossos semelhantes? Por que exigimos sempre mais do que eles podem nos dar, e ao mesmo tempo, por que damos tão pouco frente ao que somos capazes? Por que sempre queremos algo em troca? Por que sempre precisamos sair ganhando?
Em nossas relações, exigimos algo em troca, sim, e normalmente o exigido é algo gratuito. São coisas simples, como um abraço, que não deixa de ser o equivalente a uma boa lambida canina, ou um sorriso no rosto, apenas uma maneira diferente de abanar o rabo. O que pedimos é gratidão, reconhecimento, um pouquinho só de compreensão e isso não custa nada. E se me deres somente isso, sou capaz de surpreender diariamente tuas expectativas. Minhas habilidades ultrapassam em muito o “deita” e “rola”, para o qual fui adestrado.
O bom do amor é que sua fonte jamais se esgota. Ele se renova diariamente. Pode ser usado sem precauções, que não acaba nunca. Pode ser dividido com todos, com pais, irmãos, esposo, esposa, namorado, namorada, tio, primo, avô, amigo, colega de trabalho, professor, cachorro, gato, galinha, plantas, enfim, todos podemos ser alvo e fonte do amor.
Eu amo cachorro e amo gente também. Uma coisa não exclui a outra. Tanto um quanto o outro me incomodam um pouquinho, mas me dão tanta alegria que não saberia viver sem dar amor incondicional a todos eles.
fonte:ZH 25/02/09
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