quinta-feira, julho 29, 2010

Circo na Praça

"A grande tragédia da política e da administração pública é ter, sempre, as pessoas erradas nos lugares certos de certos lugares. É como se, no circo, o palhaço domasse os leões!
Escrevi isso, aqui, ao início da campanha eleitoral de 2006, ao discordar dos que comparam a atividade política a um circo. Frisei: o circo é algo sério; exige engenho e arte, treinamento e disciplina, coerência e precisão. Aqueles homens e mulheres no trapézio, nas argolas de fogo ou na destreza da pirueta, prepararam-se para nos transmitir a sensação de que o ser humano tem poderes até nas travessuras do palhaço.
Em quatro anos, tudo se solidificou ainda mais. O circo continua a exigir coerência e integridade. Na atividade político-partidária, os conluios esdrúxulos se multiplicaram. Hoje, na promiscuidade eleitoral já não se sabe quem é quem. O passado não vale; o futuro é a névoa do presente. Só é claro o absurdo, e as vantagens são a única meta.
Ouvi agora o “jingle” da campanha de Fernando Collor para governador de Alagoas. A música é pobre mas pegadiça, e o refrão é uma sucinta enciclopédia da desmemória brasileira: “É Lula apoiando Collor,/ é Collor apoiando Dilma/ pelo bem dos carentes,/ e é Dilma apoiando Collor/ e os três para o bem da gente”.
Nada melhor do que a eleição de presidente, governadores e senadores para mostrar que não há partidos políticos no Brasil. Os aglomerados disformes registrados como tais reúnem, mais do que tudo, ambições pessoais, não propostas de organização da sociedade. Não há tradição nem linha partidária e os adversários de ontem viram irmãos siameses hoje.
A “base aliada” do governo Lula da Silva, por exemplo, reúne 12 partidos. Vão do PT ao PMDB (ambos conhecidos de sobejo) ou do PDT (fundado por Brizola como opção socialista-democrática) ao PP (herdeiro dos 21 anos de ditadura direitista), além dos outros comensais das migalhas do banquete.
Essa mixórdia transmite-se às eleições presidenciais. O PP de Paulo Maluf, por exemplo, apoia Dilma Roussef, candidata do PT-PMDB, mas “informalmente”. Ou seja, se o outro candidato vencer, apoiará o governo de José Serra, do PSDB.
Entre nós, Yeda Crusius teve no governo multicoloridos partidos que, após usufruírem do poder, apearam do estribo formando montaria própria para enfrentá-la na reeleição. Como? Eles não eram “governo” também?
O apego ao poder é a característica de nossos políticos. Depois de provarem o sabor de governar, não vivem sem cargo público.
Altos cargos de grandes empresas públicas abrigam políticos sem nenhuma relação profissional com suas atividades. Dias atrás, a imprensa comentou o caso do ex-governador Alceu Collares, conselheiro da hidrelétrica de Itaipu, cobiçada sinecura de R$ 30 mil mensais. Ex-carteiro dos correios e bacharel em Direito, o Conselho de Itaipu só lhe exige participar de reuniões bimestrais.
Em artigo neste espaço, dias atrás, o empresário Paulo Vellinho advertiu aos governantes: “Em vez de artifícios sociais e econômicos, busquem a eliminação das desigualdades pela valorização do trabalho e a qualificação humana”. E com a lucidez da experiência, confessou: “Constrange-me ser brasileiro, um país que não teve coragem de eleger seu povo como principal objetivo da nação”.
Por tudo isto, no próximo horário eleitoral, se houver palhaços, não pensem no circo."

Flávio Tavares (Jornalista e escritor)
Fonte:Zero Hora 25/07

terça-feira, julho 27, 2010

Fome de "Leão":Já Pagamos 700 Bilhões

Mais de R$ 700 bilhões em impostos estaduais, municipais e federais já foram pagos pelos brasileiros neste ano, de acordo com o Impostômetro, painel que mostra a estimativa da arrecadação no país. A marca foi atingida ontem, 40 dias antes na comparação com o ano passado – quando igual cifra foi alcançada em 4 de setembro.
Enquanto a arrecadação aumenta em um ritmo de 15%, a economia cresce na faixa dos 5%
No ano passado, o país chegou a um recorde de arrecadação de R$ 1,09 trilhão, que neste ano deve ser ultrapassado com folga:
Na pior das hipóteses, teremos R$ 1,25 trilhão em 2010, mas se continuar crescendo a 15%, serão R$ 1,3 trilhão.
Em www.impostometro.org.br (imagem e link no blog à direita) é possível acompanhar o avanço da arrecadação no Brasil, nos Estados e nos municípios. (Fonte ZH).
Está aí um grande motivo para nós exercermos o nosso dever de cidadão que é cobrar e fiscalizar.
Para onde vai tanto dinheiro?Ele reverte em benefícios para o povo?
Não sabemos porque os órgãos de fiscalização "trabalham" com ineficiência.
A maioria dos eleitores não cobram dos seus representantes.
Está mais que na hora de mudar, afinal R$1,3 trilhão saindo do bolso dos cidadãos não é pouca coisa.
Este ano tem eleições, vamos fazer a nossa parte com responsabilidade.

segunda-feira, julho 26, 2010

Livro:"Orgulho e Preconceito"

Primeiro eu vi o filme, e agora acabo de ler este romance.
Autora:Jane Austen, considerada por muitos a figura mais importante da literatura inglesa depois de Shakespeare,com seu olhar aguçado sobre a sociedade inglesa dos século XIX, releva um mundo de orgulhos, interesses e preconceitos de classe..um impressionante retrato da burguesia inglesa na época.
"Pela primeira vez publicado em 1813, Orgulho e Preconceito tem sido consistentemente o romance mais popular de Jane Austen. A obra, retrata a vida pacata em uma sociedade rural daqueles dias; e contasobre osiniciais desentendimentos e mais tarde mútua compreensão entre Elizabeth Bennet (cuja vitalidade e humor tem geralmente atraído leitores) e a arrogante Darcy. O título Orgulho e Preconceito se refere (entre outras coisas) à maneira em que Elizabeth e Darcy se viram pela primeira vez. A versão original do romance, entitulado Primeiras Impressões ,foi escrita em 1796-1797..."
Desejo uma ótima semana para todos.

quinta-feira, julho 22, 2010

O descaso dos nossos governantes


Acidente na BR-116
Congestionamento chegou a 15 quilômetros no sentido Interior-Capital
Vejam o que aconteceu ontem na região metropolitana de Porto Alegre:
"Ao arrastar e destruir outros 12 veículos que estavam parados, um caminhão bitrem (com dois reboques), carregado com 31 toneladas de arroz, protagonizou um acidente impressionante ontem no final da manhã. O mega-engavetamento, que ocorreu na rodovia Porto Alegre-Novo Hamburgo (BR-116), paralisou Canoas por mais de três horas e produziu um congestionamento de mais de 15 quilômetros que se prolongou até Sapucaia do Sul." ZH
Trânsito difícil na BR 116 vem há anos, e "ninguém" toma uma atitude.
Ontem não houve nem uma vitíma fatal.Vão esperar acontecer uma tragédia?ela já é anunciada há muito tempo.
Ontem em entrevista o engenheiro e especialista em trânsito Mauri Panitz disse que até 2014, este problema não estará solucionado.
Na terça-feira um deputado federal colocou no twitter:"Estou na 116 entre Esteio e Canoas há exatos 40 minutos ( p 5 km)! Ate quando?" E eu respondi:"eu é que pergunto para os nossos governantes." resposta dele:"se fosse minha área te responderia agora! "

Atitude, planejamento e vergonha na cara é o que falta nas nossas "autoridades".
Nós elegemos representantes para quê?
Nós pagamos impostos para quê?
É por isto que eu sempre falo:se os cidadãos cobrassem, pressionassem, "eles" seriam obrigados a agir.
Neste ano o Brasil terá 136 milhões eleitores e o RS 8,1 milhões .
Será que esses tantos milhões não teriam a força diante de 81 senadores(3 do RS) e 513 deputados federais (31 do RS),um presidente e um governador por Estado?
E porque os nossos 55 dep.estaduais não cobram uma atitude do governo?Eles foram eleitos para serem nossos representantes.
Está mais que na hora do eleitor parar de ser omisso.
Voto consciente e fiscalização constante.
Eu faço a minha parte,e tu fazes a tua?

terça-feira, julho 20, 2010

A polêmica Lei da Palmada


Está claro que gerou polêmica e debates,pessoas contras ou não, sobre a Lei que proíbe pais darem palmadas nos filhos.
Não pode existir uma lei,se ela é impossível de ser fiscalizada, pois com as leis que são "possíveis" não ocorre a fiscalização.
Como o "governo" poderá "fiscalizar" cada lar que tenha filhos menores?
O único lado positivo que vejo é o tema debatido, a maneira de educar e tratar as nossas crianças.
Toda criança tem direito a um lar,alimento, educação, segurança e principalmente amor, mas não é esta a nossa realidade.
A criança deve viver num ambiente de amor, de respeito..
Para educar não é preciso agredir, há diálogo e castigo, e é assim que educo meu filho que tem 14 anos.
(Quando criança e adolescente, apanhei muito da minha mãe, pois sempre fui muito rebelde, questionava com a mesma intensidade que faço hoje. O que não aceitava por achar errado, queria respostas e sempre vinha em forma de "surra".
Isto não me intimidava, continuava rebelde e "apanhando", claro
.)
Educo o meu filho bem diferente como fui educada, se ele errar, oriento e quando necessário aplico castigo.
Nunca acreditei que surrar fosse a maneira correta de corrigir.
Posso garantir que nunca o Matheus ganhou um tapa ou beliscão tanto de mim como do meu marido.
Sei dizer "não", meu filho é educado com limites, e por ser único não é egoísta, muito menos tem o mundo ao seus pés .
É uma adolescente feliz e amado.
Não coloquei aqui tudo o que gostaria, mas o suficiente para resumir a minha opinião.
Feliz Dia do Amigo e muito obrigada por passarem por aqui.

quinta-feira, julho 15, 2010

Casamento homossexual na Argentina

Em uma polêmica que dividiu a população e os políticos do país, o Senado da Argentina aprovou nesta madrugada o projeto de lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo o texto "o casamento terá os mesmos requisitos e efeitos, independente de os contratantes serem do mesmo ou de diferente sexo". Um dos pontos mais controversos dessa equiparação está na possibilidade de os casais homossexuais adotarem crianças.
Eu acho "bobagem" o casamento no "papel" civil e religioso, mas respeito quem "sonha" em seguir a tradição,independente da condição sexual.
Acredito também que os homossexuais devem ter o mesmo direito dos heterossexuais, ambos são cidadãos com obrigações e pagam os mesmos impostos.
Então porque alguns podem casar e outros não?
Porque o casal heterossexual pode pôr de dependente seu companheiro(a) no convênio médico(por exemplo), já o homossexual tem de brigar na justiça para "tentar" conseguir?

Sei também que a maioria da sociedade é preconceituosa e hipócrita.
Acredito que ser homossexual é uma condição genética e não uma "opção sexual".
Sou da opinião que os direitos e as obrigações devem ser iguais para todos.

terça-feira, julho 13, 2010

Senado, para quê?

Em 2010, de acordo com fontes governamentais, o Senado da República vai custar ao bolso dos contribuintes a bagatela de R$ 3 bilhões.
São 81 senadores, rodeados por uma corte de 6 mil funcionários. Em números absolutos, significa dizer que cada senador, anualmente, custa uma média de R$ 37 milhões aos cidadãos que pagam impostos. E, neste momento, depois de o governo ameaçar não aprovar os 7,7% para os aposentados, utilizando o mais do que desgastado argumento de uma possível quebradeira na Previdência, o Senado aprova um aumento de 25% no salário de seus funcionários. É uma atitude que dá uma medida da distância que separa a “Câmara Alta” da sociedade que ele deveria representar.
Do meu ponto de vista, já há muito tempo, oO termo mais adequado seria “espúria Senado passou a ser uma instituição ilegítima. ”, mas, para não passar a ideia de intransigente e radical, fico com o “ilegítima”. Na verdade, creio que deveríamos ter uma representação unicameral, com candidatos eleitos para uma única legislatura, com mandados revogáveis a qualquer momento e com voto facultativo. Não creio que fosse resolver o problema da farsa parlamentar, mas, certamente, reduziria o nível de dissociação esquizofrênica e corrupção, hoje instalados na representação parlamentar.
O mais importante disso tudo é que poderíamos utilizar esses R$ 3 bilhões e mais os 25% de aumento, para melhorar nosso sistema público de saúde. Que, como é de conhecimento geral, continua em crise, com um modelo equivocado e sem um financiamento adequado.
Com esse dinheiro todo, poderíamos ampliar a rede básica de saúde, fator primordial na sustentação do sistema de saúde. Estimando que o custeio de uma Equipe de Saúde da Família gire em torno de R$ 360 mil/ano, seria plenamente possível manter mais 8.334 equipes/ano. Só para ter uma ideia, no RS existem 1,2 mil Equipes de Saúde da Família em atividade, correspondendo a 39% da cobertura necessária. Com esses valores, conseguiríamos alocar mais 1.876 equipes para uma cobertura ideal, e ainda sobrariam recursos para implantar mais 6.458 equipes em outros Estados. Ou ficaríamos com mais um naco desse dinheiro e colocaríamos em funcionamento o Laboratório Farmacêutico do Estado (Lafergs), que está, de uma forma criminosa, parado há mais de 20 anos, ali na Avenida Ipiranga.
Lucio Barcelos *Médico sanitarista, ex-secretário de Saúde de Porto Alegre

segunda-feira, julho 12, 2010

Um lugar para ler... por favor!


Falar, escrever, comentar, pesquisar, fundamentar e incumbir os fiéis escudeiros, anos de estudos para a educação, isso é prática comum de sucessivos governos que sempre, “sempre” possuem a fórmula do sucesso.
Mas sou professora e trabalho em escola pública que já foi referência educacional nos idos da década de 80, e como tantas outras não conseguiu resistir ao desmonte da escola pública.
Atualmente, na escola em que trabalho, a biblioteca está fechada, não tem professor para atendimento. Como se pode pensar em educação sem acesso à leitura na escola, será possível? Como?
Há pouco mais de 30 dias, participei de um curso, no qual, entre outros assuntos abordados, estava a linguagem, o conto de histórias, sugestões maravilhosas de incentivo à leitura e aí como colocar as ideias na prática? Se até mesmo a simples troca de livros, constantemente adiada, por não ter ninguém na biblioteca, é feita pela boa vontade do professor regente da classe, que se dispõe a interromper sua aula e promover a troca junto com seus alunos.
Entendo que também faz parte da prática pedagógica do professor, mas biblioteca na escola fechada serve para quê?
E sucessivamente, os governos vêm se especializando em edições cada vez mais caras e sofisticadas de visual impressionante, livros e mais livros que contenham a sua marca ou, pelo menos o nome de algum secretário impresso na primeira página, para lembrar para a posteridade que essa teoria “nova” ou prática “nova” foi pesquisada, estudada, cientificamente comprovada ou até mesmo “re” inventada em tal governo.
Se a biblioteca da tua escola está aberta e funcionando, vale dar uma olhada, para ver se ainda estão por lá, que não faz tanto tempo assim, uma variedade enorme de livros com “práticas novas de aprendizagens”, com as siglas da vez e palavras do modismo educacional da época.
E aqui chamo à reflexão, logo vamos ter em palanques, propagandas e horários eleitorais, a educação como prioridade estampada em qualquer programa de governo. Prestem atenção e verão os que defendem o modelo vigente sempre mostrando que podem ser melhorados e os que atacam mostrando que é possível uma nova forma.
Será que já não é hora de rever vários conceitos e procurar não o novo, o moderno, mas o simples, prático e possível para qualquer segmento da sociedade?
Todos passam pela mão do professor, e são tantas as ideias mirabolantes que todos acabam esquecendo que passaram e que todas as gerações continuarão passando pelas mesmas mãos do professor.
Lembre disso.
Rita de Cacia Pinto Bergental- Professora do Ensino Médio
Fonte:ZH

sexta-feira, julho 09, 2010

A Pedra


O distraído nela tropeçou...

O bruto a usou como projétil.

O empreendedor, usando-a, construiu.

O camponês, cansado da lida, dela fez assento.

Para meninos, foi brinquedo.

Drummond a poetizou.

Já, Davi, matou Golias, e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...

E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!

Não existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o seu próprio crescimento.

Independente do tamanho das pedras, no decorrer de sua vida. não existirá uma, que você não possa aproveitá-la para seu crescimento espiritual.

Quando a sua pedra atual, tenho certeza que Deus irá te dar sabedoria, para mais tarde você olhar para ela, e ter orgulho da maravilhosa experiência que causou em sua vida, no seu crescimento espiritual.

Abençoado dia pra você!!!
Autor Desconhecido
Não foi possível por estes dias passar por aqui.
Desejo um ótimo final de semana, e creio que na semana que vem, estarei com tempo para este mundo virtual.
Força e perseverança, pois é preciso saber "carregar" a nossa pedra.
Um grande abraço.

terça-feira, julho 06, 2010

O espelho mente?

' Nós, humanos, somos “bichos” especiais. Você pode, agora, por exemplo, dar-se por infeliz porque se acha feia, feio. Pode se olhar no espelho e não gostar do corpo que vê, achá-lo gordo, muito magro, baixo, muito alto, o que for, achá-lo, enfim, sem graça. Mas não deve esquecer que o que o espelho mostra não é o que você vê...
Pode, também, e em sentido contrário, ver esse mesmo corpo lindo, bonito, uma peça de ourives... Não virá do espelho essa “visão”, virá do seu conceito sobre si mesmo. Não somos, mais das vezes, o que pensamos ser, mas podemos ser muito mais do que somos, depende do modo como pensamos...
Pronto, já dei as voltinhas necessárias. Agora quero dizer que acabei de ler a história de um sujeito que conheço faz anos. A história estava num jornal.
Esse homem, quase na casa dos 60, passou por muitas e nada boas na vida. Por um acidente doméstico, acabou ficando “deformado” no rosto, tinha quatro anos. Foi-lhe muito difícil a vida de criança e de adolescente. Era alvo de chacotas, de risinhos estúpidos de parte de jovens mal-educados, etc, etc.
Esse homem é hoje uma pessoa realizada, de bem com a vida, apesar de tudo. Ele conta de seus sofrimentos em palestras. E costuma dizer uma frase especial, a frase que me trouxe até aqui. A frase é esta: “O maior preconceito do mundo é o que a gente sente de nós mesmos!”. Irretocável.
De fato, somos os maiores críticos e adversários de nós mesmos. Se sou “feio” e vejo isso no espelho, o que importa? Poderia nada me importar se eu não me importasse com os outros. Sofro por pensar no que os outros podem pensar de mim. Que estupidez!
Temos largos preconceitos sobre nós mesmos, por causas reais ou imaginárias, o que é pior. Uma causa real? Posso ter “três” orelhas. E daí? Vão desdenhar de mim? Aos desdenhadores, direi que ouço melhor do que eles... Faço isso? Não. Não me aceito, quero ser aprovado pelos outros, vivo pela cabeça dos outros, sofro, sou infeliz e não me dou conta de que sou um refinado estúpido em não me aceitar. E não se aceitar não significa não fazer esforços para crescer como pessoa – como pessoa, não como manequim dos outros...
Você tem razão, é muito fácil falar. Mas enquanto apontarmos o dedo acusatório contra nós mesmos, estaremos perdidos. De fato, somos os mais preconceituosos contra nós mesmos.
Ser
A psicologia psicanalítica garante que todos nós vivemos para compensar um sentimento de inferioridade real ou imaginário
. Real ou imaginário, os efeitos são os mesmos na vida. Compensar? Então, vamos lá.
Que compensemos com livros, artes, excelsitude num trabalho e excelência no caráter. E, assim, seremos apreciados como minas de ouro...
LUIZ CARLOS PRATES
Amigos, estou ciente da minha ausência nos blogs amigos, assim que der,estarei lá.
Desejo um dia produtivo para todos que passam por aqui.

segunda-feira, julho 05, 2010

O trouxa da vez


"Sexta-feira à noite. Na SC-401, no caminho que leva às praias do Norte da Ilha, em Florianópolis, um congestionamento enorme. Tudo certo, se fosse verão. Mas em pleno inverno? Passa um cara a pé pelo acostamento e pergunto:
– Moço, você sabe se aconteceu algum acidente lá na frente? O trânsito está todo parado.
– Não, senhora. Este povo todo está indo para Jurerê. Tem um show de um grupo de pagode lá. E é bom a senhora não ter pressa. Tá assim parado até depois do viaduto – responde e prossegue.
Isso ele nem precisava ter dito. Eu conseguia ver, para o meu desespero, que a fila não andava. Sem poder me mexer, fiquei lá, só esperando e observando a reação dos motoristas.
Em poucos minutos, o que era para ser fila única transformou-se em três.
Eu no meio, na pista certa. Um carro que veio pelo acostamento me esmagava de um lado, e, na esquerda, um veículo vinha grudado em mim, retrovisor colado com retrovisor. Dentro dos dois automóveis, turmas de jovens que não deviam ter mais do que 20 anos de idade, bebendo cerveja e escutando um som que retumbava nos meus ouvidos, de tão alto. Uma festa, com direito a garrafas de cerveja voando pela janela.
O motorista da esquerda tentou entrar na minha frente, e eu grudei no carro da frente, não dei passagem. Acho isso um absurdo. Os caras vêm, cortam fila e ainda te olham com cara feia se você não dá passagem. Ah não, comigo não.
Então, o motorista tentou grudar no veículo da frente, um pequeno caminhão com placas de Concórdia, e se deu mal. O motorista do caminhão não arredou pé e ainda puxou um pouco o veículo para a esquerda. Resultado: o motorista que se achava o dono da pista saiu com um lado inteiro do carro riscado, além do retrovisor quebrado.
Ele ainda teve a coragem de tentar puxar briga com o motorista do caminhão, mas foi contido pela namorada. Ela sabia que ele estava errado e que todos da fila acompanhavam atentamente o desenrolar da história e poderiam servir de testemunha das imprudências.
Eu, que normalmente sou contra qualquer tipo de violência, me senti vingada, com vontade até de bater palmas, porque esses motoristas que não respeitam filas merecem, mesmo, um castigo. E todos sabemos que não existe castigo melhor do que aquele que dói no bolso. Do caminhão, que tinha carroceria de madeira, não saiu sequer a tinta. Meu herói da sexta-feira!
Cada vez que preciso atravessar as pontes para ir ou voltar do centro de Florianópolis, principalmente nos horários de maior pique, quase morro de raiva destes motoristas que não respeitam a fila e, depois, se metem na frente dos outros, deixando o trânsito, já complicado, cada vez mais caótico. E o que mais me irrita é que raramente acontece algo com estes infratores, por falta de policiamento. Aí, onde a impunidade impera, os espertinhos tomam conta. E azar da gente, que teima em acreditar que as leis – incluindo aí as de trânsito – foram feitas para serem cumpridas. Nós passamos por trouxas."
Viviane Bevilacqua
Fonte: Diário Catarinense
04/07/10