segunda-feira, setembro 13, 2010

Os gabolas

O homem que se gaba de ser “o milionário mais rico do Brasilrevelou que financia as campanhas eleitorais de dois candidatos à Presidência da República – José Serra e Dilma Rousseff.
Já que um dos dois triunfará, ele se decidiu por ambos, mesmo sem ler os programas de governo de nenhum deles e sem ter interesse por isso. Oportunismo e desfaçatez?? Nada disto, “tudo em prol da democracia”, disse Eike Batista num programa de TV, dias atrás.
Não é gabolice. Ele aspira ser “o homem mais rico do planeta” e adora contar de como extraiu do fundo da terra os bilhões que tem. Sua esdrúxula visão de “prestigiar a democracia” através do dinheiro (como se tudo fosse bem de consumo, que se compra e vende) talvez escandalize sociólogos e analistas políticos, mas retrata a realidade. A eleição está cheia de iscas. O povão contenta-se com a cesta básica. Os “grandes” buscam peixe maior: para amansar o cipoal burocrático federal, a intimidade com o poder começa na campanha eleitoral!
Nosso milionário-mor, porém, financia seus candidatos com dinheiro do BNDES. Sim, pois a fortuna de Eike Batista multiplicou-se desde que se fez íntimo de Lula da Silva e obteve mais de R$ 4 bilhões em financiamentos do BNDES, a prazos tão longos, que parecem sem fim.
Dos grandes ou pequenos produtores gaúchos, quem conseguirá sequer 1% do que foi dado a Eike?
A maré da campanha eleitoral envolve a todos. O eleitorado brasileiro é quatro vezes a população da Argentina, mas nem por isto o povo se politizou. Os grandes temas desapareceram, o debate de ideias evaporou-se. Já não se exige que os candidatos exibam o passado para afiançar o futuro.
Em menos de um mês, festejaremos 21 anos do retorno à eleição presidencial direta. Em 1989 nos libertamos da última tutela que a ditadura nos havia pendurado ao pescoço, como canga em boi, e votamos pela primeira vez desde o golpe de 1964. Pouco progredimos, porém. Continuamos a votar só porque é obrigatório. Os partidos (inundados de gente inculta, sem passado e alheia às realidades profundas da vida) abrigam corruptos e aventureiros. Até ridículos, pois isso “dá voto”.
A “politização” se resume a apertar botões. A urna eletrônica fez do sufrágio um ato de manejar números e acabou com a recontagem de votos, dando margem à fraude. Quem assegura que peritos em eletrônica (desses que violam as senhas das contas na internet) não possam configurar as urnas antecipadamente, para que o voto a fulano se compute para beltrano?
Se violar o sigilo do Imposto de Renda passou a ser quase comum na Receita Federal, o que dizer da urna?
O escândalo da violação dos dados da filha de José Serra, pela Receita Federal, será indício de que começam a instaurar um “Estado policial” que exerce o poder também pela chantagem? Não creio que sua oponente Dilma Rousseff esteja implicada na trama sórdida, mas o presidente da República tinha obrigação de esclarecer tudo e punir os envolvidos, para tranquilidade geral.
Ou, no governo, até os espiões são gabolas?
Flávio Tavares *Jornalista e escritor

Fonte:ZH 05/09/10

12 comentários:

Unknown disse...

Muitas das novas democracias enfermam destes males e doenças contagiosas.
Caminhamos para o suicídio das nações democráticas.

Unknown disse...

Mariana minha querida,
Bom Dia!!!

Tantos erros, tantas causas horríveis que assistimos. Em quem confiar?
O tempo segue, votos são colocados nas mãos do povo e sequer nos mostram alternativas, quando já tão descrentes vivemos...
Seguindo... Ação no ato do pensamento. observar mais e melhor, amplamente e concluirmos união, um por todos e todos por um, alguma coisa, uma luz que possa fazer uma total diferença...
O que não podemos é desanimar..

Lindo dia pra ti

Bjs

Livinha

angela disse...

Bom texto. Contudo tenho uma pergunta que não se cala e atormenta minha mente. O que fazia os dados da receita dos políticos do PSDB no escritório de campanha da D. Dilma?
Para mim é como usar filmadora roubada para gravar programa eleitoral, ou tomar whisky contabandeado. Quem se propõe ou dirige a nação não pode cometer contravenções.
Beijos

Eduardo Medeiros disse...

Pois eu acredito que a quadrilha do PT(com conhecimento da Dilma) estão atolados até o pescoço nessas manobras de quebra de sigilo.

A construção de uma democracia forte, de um povo politizado, leva tempo; enquanto isso, os aproveitadores vão fazendo a festa.


abraços

chica disse...

Estamos fritos!!!Tá tudo assim!!!beijos,linda semana,chica

Daniel Savio disse...

Infelizmente, conquistamos a liberdade politica, mas não sabemos e só com muita força podemos ter a responsabilidade em nossas mãos...

Fique com Deus, menina Mariana.
Um abraço.

ValériaC disse...

Que situação amiga... terrível isso...
Doce semana...beijinhos....
Valéria

Wanderley Elian Lima disse...

Mas o coitado do presidente não sabia de nada. Ele nunca sabe tadinho. Mariana. coisas do Brasil onde quem acaba governando é o poder econômico paralelo, e sempre será assim. Infelizmente.
Bjux

Marilu disse...

Querida amiga, esse realmente está acendendo uma vela para cada um, quem ganhar ele vai ser beneficiado com certeza, esse é nosso País maravilhoso...Beijocas

Vitor Chuva disse...

Olá Mariana!

A prática política nos países democráticos, pelos menos na maioria, tem muito de comum.
Quem financia, nunca põe todos os ovos no mesmo cesto; assim nunca erra, ganha sempre ... à custa de alguém.
Depois, aqueles que nos são dados para escolher, já foram previamente escolhidos ...
Enfim, como dizia alguém, a democracia é o menos mau dos sistemas, e eu acho que tinha razão..

Um abraço.
vitor

Anônimo disse...

Oi mari, recebi teu torpedinho e adorei, já registrei teu celular. Quanto ao post, o Lula, é um grande articulador e nessas horas apela para a sua invisibilidade (quando lhe convém) e cai fora dizendo que desconhecia tal situação.
Bjs

Rosemildo Sales Furtado disse...

É como comprar voto para a mestra e a contra-mestra do pastoril, isso porque para ele, qualquer partido que ganhar está muito bom, pois ele ganha de qualquer jeito. Está muito difícil acabar com a pouca vergonha deste país.

Beijos e boa noite pra ti.

Furtado.