Só no Brasil

Não ganha e não deixa ganhar

A Eletrobrás parece ter dinheiro de sobra.

A estatal vem desdenhando uma receita que poderia chegar a 100 milhões de reais por ano. Trata-se de dinheiro que ela teria direito a receber em créditos de carbono porque 2,8 milhões de toneladas de poluentes deixam de ser emitidos anualmente na atmosfera.

Esse benefício vem dos projetos do Proinfa, programa do governo federal criado em 2002 para incentivar fontes de energia renováveis.

Estão inscritos no Proinfa 54 parques eólicos, 63 pequenas hidrelétricas e 27 usinas à base de biomassa.

Na época da contratação dos projetos, os direitos aos créditos de carbono foram atribuídos à Eletrobrás. Para fazer valer os direitos, a estatal teria de registrar os créditos na Organização das Nações Unidas, que autoriza sua comercialização mundialmente.

As empresas de energia eólica propuseram cuidar da burocracia exigida para isso e repartir a receita que fosse obtida. A Eletrobrás não topou -- e também até agora não fez o registro. "O processo é complexo mas está andando", diz Mário Pires, técnico da Eletrobrás ligado ao Proinfa. Como o destino do dinheiro seria reduzir a tarifa de energia, quem perde é o consumidor brasileiro.

Por Fabiane Stefano

Revista Exame nº954