Dois episódios foram bastante comentados semana passada, ambos definidos como insultuosos. Um deles foi uma brincadeira que a apresentadora Sabrina Sato, do Pânico na TV, armou para o senador Eduardo Suplicy. Ele foi convidado a vestir uma sunga vermelha de super-herói. Notório boa paz, Suplicy vestiu a sunga por cima do terno, o que bastou para o corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma, abrir uma investigação para definir se houve quebra de decoro parlamentar. Anteontem, Tuma voltou atrás.
Outro assunto foi o vídeo que Maitê Proença gravou para o programa Saia Justa, em que ela aparece em Portugal tirando um sarro dos lusitanos. Conseguiu desagradar lá e aqui também, já que muitos brasileiros colocaram o vídeo na rede acompanhado de ofensas múltiplas à atriz.
Ambas as reações me pareceram superdimensionadas. Suplicy tem aquele jeito bobo e acaba pagando uns micos desnecessários, mas, até onde se sabe, é um político honesto – a Corregedoria- Geral certamente tem casos mais sérios de quebra de decoro pra investigar. E Maitê gravou um vídeo adolescente. Não estava traçando um perfil oficial dos portugueses, e sim valendo-se da prática mundial de perder o amigo, mas não perder a piada. Foi deselegante? Até foi, mas só porque o Saia Justa não é catalogado como um programa de humor. Se o Casseta e Planeta tivesse produzido o mesmo vídeo, ninguém acharia nada de mais.
Muita gente se defende de suas grosserias dizendo: eu estava apenas brincando. E sabemos que estavam. É fácil perceber quando alguém está tentando promover diversão à custa de um comentário ou de um ato. Isso não impede que esse alguém tenha péssimo gosto para brincadeiras, e acabe ofendendo. Nem todo mundo tem desconfiômetro. Mas não se pode colocar os maus piadistas no mesmo rol daqueles que agridem com a intenção explícita de detonar com o bem-estar do outro.Eu me sinto insultada cada vez que pago uma exorbitância de imposto e sigo sem segurança para sair às ruas.
Me sinto insultada por políticos falastrões que não se importam com seus eleitores.
Me sinto insultada por quem mente e comete injustiças para salvar a própria pele. Em contrapartida, não me sinto insultada quando falam mal de brasileiros, de mulheres, de publicitários, de colorados ou de qualquer categoria a que eu pertença, porque sei que são generalizações, não uma acusação individual. Relativizo justamente porque a intenção é fazer graça, mesmo que não tenha graça nenhuma. Só a falta de humor é que cria mártires.
Ninguém precisa aplaudir grosserias, deselegâncias e palhaçadas. O ideal seria que vivêssemos no melhor dos mundos, mas pra isso Deus teria que começar o trabalho dele do zero. Como eu duvido que ele ponha a mão nessa maçaroca de novo, nós mesmos é que temos que aprender a brigar pelo que é sério, e não gastar nossa cólera por causa de algumas piadas ruins, sejam elas protagonizadas por um senador meio crianção ou por uma participante de um programa de amenidades. Tem gente que se sente insultada até pela felicidade dos outros, não tem? Então cuidado. Mantenhamos nosso direito à crítica, mas controlemos a paranoia."
Martha Medeiros
Fonte:Zero Hora
Que o dia de todos seja iluminado e protegido por Deus.
quarta-feira, outubro 21, 2009
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10 comentários:
Maravilha de texto. Concordo plenamente. Nossa mídia tem o péssimo hábito de fomentar inutilidades, penso que é uma maneira de alienar, manipular, e deixar o povo a margem da informação que realmente interessa.
Brilhante. Parabéns a autora e parabéns a autora do blog que resolveu publicar...
Bjos
Como vou discordar ou criticar Martha Medeiros? Pobre de mim.Mas, mesmo assim, ouso dizer que pessoas públicas(senador,atriz,jogador de futebol, cantor...)carregam sempre o risco de terem superdimensionadas suas atitudes,boas ou não.Junto a esse risco, eles tem responsabilidade e obrigação de se cuidarem mais, pois, queiram ou não, sempre estão servindo de exemplos.De novo, bons ou maus.Hoje, quase tudo pode parar na internet,correr o mundo.Daí, muito cuidado. Que bom que todos os "notáveis" usassem sua notoriedade para "espraiar" boas coisas, como amor ao próximo, cidadania, capacidade de indignação.Um abraço do Éverton.
Mariana
Importante relativizar as polemicas, senão as "verdades" se impõem e o equívoco esta criado.
Bom ter trazido o texto da Marta Medeiros.
beijos
Ótimo post, excelente colocação de tudo.
Bom demais vir aqui te ler.
E com certeza Deus não vai começar do zero, somos nós quem temos que aprender a diferenciar as coisas e tentar ao máximo mudá-las.
Maravilha Mariana.
Beijos mil querida.
Concordo plenamente com seu texto e, sempre pensei assim: Toda brincadeira tem um fundo de Verdade.
beijooo.
Mariana,hoje te mandei um pps com texto da Martha "doidas e santas".
Quando irei contigo d novo na seção de autógrafo dela?
Oi, Mariana
Tudo bem?
Seu Post é interessante. Dá uma idéia de como as pessoas podem ver ou entender os fatos conforme seu modo de olhar.A jornalista Martha Medeiros, do Jornal Zero Hora, esqueceu do local onde o senador Suplicy se propôs a colocar a sunga, no salão azul do Senado Federal, que não é pròpriamente um local de programa humorístico. Além do que o caráter do senador e nem sua honestidade estão em jogo. Mas podemos considerar uma falta de respeito. Acho que o senador tem preferência pelo vermelho, pois há algum tempo ofereceu o cartão desta cor ao presidente do Senado, José Sarney, com muita veemência. Essa cena eu presenciei.
A respeito da atriz não posso criticar, pois não vi o programa.
Um abraço e tudo de bom!
É verdade. Tem um blog aqui que ficou revoltado com a maitê. Ele é portugues e postou sobre o assunto.
http://reflexoeseoutrasdivagacoes.blogspot.com/2009/10/se-burrice-pagasse-imposto.html
Ficou magoado.Ofendido. Cada um tem a sua interpretação.É preciso ter cuidado a palavra tem sua força. Adorei o post. Bjs e grata sempre pelas visitas. Adoroooooooooooooo
Oi Minha querida,
Ja lhe disse noutras vezes e repito.
És mulher coraajosa e de fibra.
Admiro teu trabalho nessa página. Os assuntos aqui expostos são de interesse mútuo de todos nós.
Grande abraço.
Tem gente q se sente insultada até pela felicidade dos outros...q verdade, lindo texto, adorei andar por suas linhas, fez-me pensar e adoro pensar, se penso, logo, existo e existir é ótimo, bjos, bjos, bjosss
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