sexta-feira, janeiro 21, 2011

Saúde sem leito:Não ignorem esta causa

Após ler o jornal ZeroHora de hoje(reportagem neste post)enviei esta mensagem aos jornalista:

Prezados jornalistas!

Parabenizo ZH por colocar este tema em destaque na capa.
O caos na saúde é mais que uma vergonha ,é um desrespeito e algo desumano aos cidadãos, não somente aos que necessitam da saúde pública, mas à todos que pagam impostos neste país.
Sugiro
à imprensa divulgar em destaque quanto deveria ser destinado para a saúde e o valor real aplicado.(já perguntei aos políticos e nada, quem sabe vcs tem mais sorte)
Os políticos gritam pelos seus "direitos adquiridos',mas uma saúde pública de qualidade também é um direito adquirido por lei à todos os cidadãos.
Quem deveria "lutar" por nós, não seria os nossos representantes?

Neste mês o governo decidiu reduzir o valor para tratamento do câncer ( http://hype2.me/gnk8 ) e na imprensa gaúcha não saiu uma linha. É preciso "berrar" para estas afrontas à população.( Assim como foi "esperneado" com fervor em todas as páginas e por longos dias sobre os passaportes diplomáticos para os familiares do Lula).
Toda a população merece respeito,um atendimento humano principalmente nos momentos frágeis e de dor.
Cada vez que eu vejo uma reportagem dos doentes sofrendo nos hospitais, eu choro(está certa que sou chorona) de raiva, de indignação.
Não me conformo, não aceito este descaso dos governantes na área da saúde.
Não consigo me acostumar com esta realidade: o colapso nos hospitais.
Solicito aos jornalistas da área da política "cobrarem" com insistência dos políticos mais respeito na área da saúde.
Não é porque eu e vocês não precisamos recorrer à saúde pública que devemos nos isentar desta causa.
No ano passado enviei várias reportagens dos "atendimentos" nos hospitais para o Ministério da Saúde, e ele teve a coragem de responder que a saúde melhorou e que não está um caos. Deduzi que as reportagens não foram assistidas ou a definição de caos não é a mesma que eu tenho. Uma vida com dignidade aos nossos irmãos brasileiros.
Saúde para todos nós.

A REPORTAGEM:

Colapso na emergência hospitalar
Falta de vagas para internação faz com que setor emergencial dos principais estabelecimentos da Capital enfrentem superlotação
Pacientes de pé, os braços conectados ao pedestal que prende a vasilha do soro. Idosos dormindo em cadeiras, enquanto aguardam o resultado de exames. Doentes graves à espera de um leito para internação há 10 dias. Macas e poltronas nos corredores. Médicos exaustos, enfermeiras se desdobrando para aliviar a sinfonia de gemidos. O cenário não é o de uma improvisada enfermaria em tempos de guerra, mas a emergência do Hospital de Clínicas Porto Alegre (HCPA). O quadro se repete no atendimento emergencial dos outros três principais estabelecimentos da Capital.

Na última semana, o Clínicas entrou em alerta vermelho: a emergência poderia atender a 49 pacientes, mas a média vem oscilando entre 120 e 140. Ontem, às 16h, havia 125 adultos no setor e 16 na sala de espera.

– Até o dobro da capacidade, conseguimos suportar. Depois, fica inviável – avisa o administrador da emergência, Daniel Barcelos.

Transitando há 20 anos na emergência do HCPA, o clínico e nefrologista Gérson Nunes ressalta que o drama “é crônico” e parece não sensibilizar as autoridades. Sobrecarregados e aflitos com a situação, médicos, enfermeiras e auxiliares atuam no limite.

– A gente trabalha com vergonha, chateado, constrangido – diz Nunes.

A causa do esgotamento é a falta de leitos para o pós-emergência. Os pacientes entram no Clínicas e ficam no setor, porque não há vagas para internação depois do atendimento. Mas o número dos que chegam supera o dos que saem. Há doentes que ficam uma semana, 10 dias, à espera de transferência. Já houve quem morresse na emergência, à espera de internação.

Além da falta de leitos, exames entram em fila

É uma questão matemática. Os 700 leitos da ala de internação estão invariavelmente ocupados. Logo, os pacientes da emergência não podem ser removidos. Há leitos em outros hospitais, mas Nunes diz que não são equipados para casos complexos.

– O que precisamos é de leitos com capacidade de resolver. E isso não existe – reclama.

A suposição de que as emergências lotam porque alguns pacientes deveriam, antes, consultar nos postos de saúde não se confirma. O administrador Barcelos esclarece que apenas 2% não precisariam do atendimento especializado. O percentual não influi no excesso. Depois de medicados, eles voltam para suas casas.

– O problema é a falta de leito. Pacientes estão completando o tratamento na emergência, quando deveriam ir para a internação – repete Barcelos.

A saturação se reflete em todos os serviços. A agenda de exames atrasa. Nas tomografias e ecografias, a prioridade é para os pacientes graves. Barcelos nota que muitos procuram o Clínicas em busca de um diagnóstico preciso, depois de peregrinar em vão pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Causou surpresa que a emergência superlotasse no verão, no período de férias. O médico Nunes diz que não há novidade. E desabafa:

– Sempre foi assim. Não há crise alguma agora, não há uma explicação nova. Sempre foi ruim. O problema é crônico, às vezes se torna público.

Nunes e seus colegas sentem-se expostos, constrangidos. Ele relata uma conversa que teve com um paciente, ilustrativa da precariedade:

Pensei que ia ser internado hoje – diz o doente.

– Não, o senhor terá de aguardar leito. Isso pode levar dias, semanas – explica o médico.

– Ficarei sentado, esperando? – questiona o paciente, preparando-se para o sacrifício.>– Não, o senhor ficará de pé, porque não tem lugar para se sentar...
Paciente em cadeira desde terça-feira

Sentado em uma cadeira, a cabeça recostada à parede, Leo Miguel Niederle, 65 anos (foto), está na emergência do Clínicas desde às 7h30min de terça-feira. Veio de Ivoti com dores abaixo do abdômen. Às 21h30min de ontem, 62 horas depois de dar entrada no setor, aguardava o resultado de exames.

– Sigo esperando – balbuciou.

Leo Miguel sente dores até para falar. Às vezes, tenta dormir na cadeira, vencido pelo cansaço. Nas noites que passou na emergência, não pôde se deitar. O rosto contraído, uma lágrima escapava-lhe pelo olho esquerdo.

19 comentários:

Eloisa disse...

Quem se importa com o povo? quem?
os eleitores precisam estar vivos só no dia da eleição.

chica disse...

Impressionantemente triste e não podemos aceitar ou nos acostumar!beijos daqui da praia, em SC onde chove baldes hoje...chica

Pena disse...

Admirável e Justa Amiga:
"...Os políticos gritam pelos seus "direitos adquiridos',mas uma saúde pública de qualidade também é um direito adquirido por lei à todos os cidadãos..."

Em todas as partes do mundo se assiste a um "desgoverno" na saúde, tão importante como ela é.
Sabe, já imaginei os médicos a abrir as portas dos Hospitais, das clínicas, dos consultórios?
Impensável, não é?
Seria humilhante? Penso que é o que fazem os países mais desenvolvidos, mas inconcebível na maior parte do mundo, não pensa assim, doce amiga?
Têm empregados para tudo.
E, irem a casa das pessoas?
Morre tanta gente em casa sem auxílio de ninguém?
Impensável, não?
Excelente Post de chamada de atenção, o seu, fabulosa amiga.
Parabéns pelo extraordinário Ser Humano que é.
Com respeito imenso pelo seu sentir.
Abraço amigo de fascínio.

pena

Bem-Haja, pela visita linda.
Adorei. Muito Obrigado.
É linda, sabia?
Parabéns pelo Post. Mais que pertinente. Urgente.
Haveria tanto a mudar?

Mônica Bif disse...

Realmente é lamentável toda esta situação. Sou enfermeira, e acho um absurdo mesmo certas coisas, onde eu moro por exemplo, temos um hospital quase fechando por falta de verba, profissionais trabalham totalmente desistimulados, sem receber salário há um tempão, falta profissionais capacitados, mas não contratam por falta de dinheiro, e por isso muitas pessoas saem prejudicadas tb, é uma situação mesmo caótica, é muito descaso com a população, principalmente com quem está sofrendo com alguma doença grave, ou precisa de atendimento de emergência, o único hospital referencia vive lotado, justamente pela falta de recursos dos menores q perfeitamente poderiam solucionar esse problema dando conta de atender muitos casos, porém não podem, por falta de médicos, infra-estrutura, equipamentos, enfim, é uma tristeza, tb fico muito chateada com tudo isso, principalmente pq sou da área da saúde e vejo a assistência ao paciente e seu bem-estar como prioridade no atendimento que realizo. Abraços...

Nilce disse...

Horas, dias, meses para um atendimento; segundos para dobrar o valor dos salários dos salafrários.
Indignação é pouco!

Bjs no coração!

Nilce

Eraldo Paulino disse...

Agora mesmo estou indo ao funeral do filho de uma amiga, justamente por atraso no atendimento do SUS..

Lamentável e resolvante.

Bjs contra o neoliberalismo!

Phivos Nicolaides disse...

Obrigado pela sua visita e se tornar um seguidor do meu blog. Gosta de viajar e viagens a outros países? Com apreço. Viagens

Unknown disse...

Passei para desejar um bom fim de semana.

Beijo.

Toninho disse...

Pois é Mariana, este caos espalhado por todo país, não se entende um pais com uma carga tao elevada de impostos,que vazam pelos ralos da corrupção.Impostos que pagamos até duas vezes e nunca os vemos aplicados onde seriam destinados.Uma coisa velha nesta nação que causa nojo mesmo.Que o Deus nos proteja sempre.Meu abraço de paz Bju de luz nos seus dias.

Wanderley Elian Lima disse...

Lamentável que as coisas cheguem a esse ponto. Eu felizmente não preciso da saúde pública, mas de tivesse uma de qualidade, com todo certeza ~pouparia o meu dinheiro. Isso é um direito constitucional que todos nós brasileiros temos, mas que é totalmente desconhecido.
Grande abraço

Janeisa Tomás disse...

É um descaso total estes atrasos de atendimento, infelizmente esta morosidade e falta de profissionais e leitos ainda está longe de ser resolvida.
Bjs

jader/zezi disse...

Mariana...o problema da SAUDE em todo o Pais esta na BASE...este congestionamento nas EMERGENCIAS HOSPITALARES, é consequencia de falta o atendimento REAL,PRATICO E SIMPLES NOS POSTOS DE SAUDE...com médicos, enfermeiros(as),tecnicos em enfermagem, medicamentos,equipamentos os mais simples, por exemplo(uma mala de parto, 1 disfibrilador) p/pronto atendimento menos complexo...mas posso te garantir q Pôsto de Saude nenhum tem algum destes dois equipamentos q citei...e muito menos MEDICOS P/ATENDIMENTO CASO VOCE NECESSITE DE ATENDIMENTO NA HORA. Ha necessidade sim de ir aos Postos de madrugada, p/conseguir uma ficha...e as x ñ conseguir. Q faz o PACIENTE OU FAMILIARES...correm p/Hospitais. Falta é INVESTIMENTO POR PARTE DOS GESTORES MUNICIPAIS PRICIPALMENTE NAS GRANDES CIDADES NESTA AREA e nas PEQUENAS SE UNIREM P/CONSTRUÇÕES DE HOSPITAIS DE PEQUENO PORTE MAS BEM EQUIPADO P/O ATENDIMENTO DE SEUS HABITANTES...não o fazem e porque não o fazem, simples COMPRAM UMA AMBULANCIA E MANDAM OS PACIENTES P/PORTO ALEGRE E RESOLVEM O PROBLEMA DELES (GESTORES) E AINDA GANHAM eleitores na familia toda, pélo favor prestado ao dar um ambulancia p/trazer o ente p/P.Alegre, abarrotando ainda mais os Hospitais da Capital, com isto tirando as vagas de quem mora aqui ou na GRANDE P.ALEGRE. Mas em resumo de tudo o q escrevi, falta acima de tudo aos GESTORES VERGONHA NA CARA E RESPEITO AO CONTRIBUINTE, pois o dinheiro existe, é somente apresentar projetos bem consistentes nos Conselhos de Saude de Municipios e do Estado, q aprovados vão a Brasilia e serão os recursos disponibilizados pois o DINHEIRO ESTA LÁ A DISPOSIÇÃO. Outro caso o PSF, 1 Muncipio c/16 mil habitantes tem 7/8 EQUIPES COMPLETAS, com Medico,Dentista,Enfermeira,Tecnico Enfermagem e 4/5 agentes comunitarias(as q fazem as visitas aos moradores)praticamente tudo pago pelo Gov.Federal. Pergunto quantas equipes temos em P.Alegre, uma Capital com quase dois milhões de habitantes...(hoje não sei)mas façam as multiplicações e divisões e verão q é POSSIVEL SIM FAZER SAUDE COM QUALIDADE...BASTA QUERER E TER RESPEITO AO CIDADÃO, OU ENTAO Q VÁ P/CASA CUIDAR DOS FILHOS E NETOS COM UMA BOA APOSENTADORIA...E DAR RIZADA DOS TROUXAS Q LHES CONCEDERAM ESTA APOSENTADORIA.- jader martins.-

Marinha disse...

Parabéns pelo texto, amiga!
Lamentável e triste realidade!
Bjo e paz, querida.

Diana Carla disse...

Essa é a realidade do nosso país!

bjinhus e tenha um bom fim de semana.

Fernando disse...

Oi, Mariana.
Passando rapidamente para lhe desejar um ótimo domingo.
Bjs.

Daniel Savio disse...

Realmente, uma condição tão critica num direito tão básico é preocupante, fora que um sistema ruim, acaba alimentando os planos particulares (para quem tem o mínimo de condição para pagar)...

Fique com Deus, menina Mariana.
Um abraço.

Camila Lima disse...

Olá! Trabalho em um hospital público e teria milhares de coisas para dizer sobre esse assunto... Realmente é uma situação alarmante, em alguns lugares chegando ao verdadeiro caos, vergonhoso. Claro que o governo é culpado da grande parte desse descaso, mas a população também sua parcela de culpa, pois a atenção à saúde preventiva não está muito inerente à nossa cultura. Os hospitais estão superlotados porque não há uma assistência de saúde básica satisfatória, e se algumas pessoas tem condições em fazer prevenção, não o fazem, porque acham que "quem procura, acha". E quando acha, enfrenta esses problemas. Gostei muito do seu texto, parabéns!

J Araújo disse...

A saúde nesse país é um caos, mas já teve pior. Trabalho na área e vejo coisas do arco da velha. Mas tem uma categoria privilegiada no meio de tudo isso; mostrei em um post que já publiquei, se queiser conferir: http://kidureza.blogspot.com/2009/06/o-fantastico-plano-de-saude.html

Parabéns pelo post

Bj

Pensador disse...

Mariana,
Infelizmente, eu sou cético com relação à melhora da saúde e da educação no nosso país.
Funcionam bem como chamariz nas campanhas eleitorais, mas não existe vontade política de resolver de fato a situação. Afinal, é mais intere$$ante prometer, construir hospitais e escolas que serão subutilizados até que se deteriorem e desviar verbas públicas no processo.
Um povo sem saúde, sem educação e sem alimento, é um povo dependente do paternalismo e, por isto mesmo, um povo que não questiona. Cabe a cada um de nós que tenha um pouco mais de consciência cutucar outras pessoas, para tentarmos que todos votem melhor e com isto melhorarmos o quadro.
Beijo!