O RS, há alguns anos, ingressou num processo de declínio de leitos, embora ainda seja o que apresenta o maior índice no país: 2,8 leitos por mil habitantes (Ministério da Saúde preconiza 2,5 a 3 leitos por mil habitantes). Ocorre que a redução se deu de forma não seletiva, e levou leitos que faltariam para as situações de emergência. O impacto mais visível se produziu nas cidades com mais serviços de saúde ofertados ao SUS, em especial Porto Alegre.
O fenômeno da superlotação tem um ciclo natural conhecido. Primeiro aparece com picos no inverno; em seguida se torna regular durante esta estação. O passo seguinte é o surgimento no verão, que é o que está acontecendo no momento. A partir deste ponto, se estabelece um modo contínuo de crise de oferta da assistência em emergência.
O jornalista Paulo Sant’Ana, por diversas vezes, efetuou apelos candentes às autoridades públicas para que aumentassem os leitos hospitalares. Lembro-me que uma das explicações dadas à época foi de que a diminuição de leitos era um fenômeno mundial, devido à redução do tempo de permanência e a utilização de tecnologias mais sofisticadas aplicadas ambulatorialmente. Num primeiro momento, confesso que acreditei. Fui à literatura especializada e constatei que a superlotação é um fenômeno universal. Dá-se principalmente pela falta de leitos para internação. O articulista, que parecia um D. Quixote gritando e lutando com os moinhos para que fossem aumentados os leitos hospitalares em Porto Alegre, estava certo.
A superlotação em serviços de emergência é angustiante para médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde. Os profissionais se encontram sob forte pressão.
Decisões extremas são particularmente cruéis, além do aumento de incidentes – erro de medicação, erro de diagnóstico, troca de exames, troca de paciente. O uso indiscriminado de antibióticos e a higiene deficiente de profissionais de saúde e de visitantes aumentam o risco de infecção hospitalar. Assim sendo, a degradação da funcionalidade do serviço e do desempenho dos profissionais é inexorável. Para os pacientes e familiares, o funcionamento crítico dos serviços de emergência é apavorante.A redução de leitos, no caso brasileiro, diferentemente de outros países, ocorreu menos por motivação técnica e mais por razão econômica – reclamação generalizada dos prestadores de serviços associados ao SUS quanto aos baixos valores pagos pelo Ministério da Saúde.
A superlotação das emergências não se resolverá com uma pressão imediata junto aos hospitais para aumentarem leitos. Esta crise é grave. O Ministério da Saúde precisa manifestar-se urgentemente.
Antonio Quinto Neto*
*Médico
Fonte:Zero Hora
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17 comentários:
Desejo saúde à todos.
A alguns meses atrás enviei algumas reportagens de Caos da saúde ao Ministério da Saúde e eles me responderam que a saúde melhorou no Brasil.
Então, tá!
O sistema precisa estar preparado...
deixo um abraço com carinho.
O pior é que não é só saúde pública, os hospitais particulares estão cada vez mais caóticos! As emergências se bobear estão piores do que SUS! E pagamos uma fortuna mensal de plano de saúde para ter o mínimo, é vergonhoso! Os profissionais da saúde tb estão cada vez piores, se achando Deuses e desumanos. #faleyyyy.
Olá Mariana!
Há quanto tempo, que eu estou daqui ausente, mas hoje venho te visitar, por que não me esqueci de ti.
beijo,
José.
Oi Mariana
E os absurdos na Saúde Pública se repetem por todo Brasil.
Arrecadaram por tanto tempo a CPMF que era para a saúde, o dinheiro sumiu e a saúde piorou.
Quanto mais se investe, mas dinheiro desaparece.
Indignação é pouco.
Bjs no coração!
Nilce
Lamentável situação, infelizmente vidas e saude não são prioridades como deveriam ser.
Arrecadam tantos impostos e não revertem em melhorias para o povo. Algo tem que ser feito e de forma urgente.
Beijos
Valéria
Humm!! Setor publico? Perdeu não, perdemos...
Beijos
Oi Mariana
Essa redução de leitos em hospitais conveniados, não se dá só no sul, é um grave problema no Brasil inteiro. Aqui em Minas é a mesma coisa, um paciente que precisa se internar fica dias inscrito no banco de leitos, à espera de uma vaga. Quando essa vaga aparece, várias vezes já não adianta mais.
Bjux
Mariana...gostei do comentario deste Sr. assim como outro do Dr.Damin q foi publicado outro dia...Mas o grande problema na saude é a falta de GESTAO pura e simples...aqui em Poa por exemplo, porque nao FAZEM AS REFORMAS Q OS POSTOS EXIGEM,EQUIPEM, COLOQUEM OS RECURSOS HUMANOS,MEDICAMENTOS ETC...se tivessemos Postos em condições de atendimento 24 horas c/Medicos e enfermeiros a disp. os Hospitais ñ estariam c/emergencias lotadas...agora estao inventando coisa q ja existe o PSF q é o atendimento a saude da familia em suas residencias, mas q poucos postos o fazem, q visita são as agentes comunitarias q ñ sabem nem o q e uma dor de cabeça...criem mais EQUIPES, CRIEM AS UPAS...e por ai vai...veja por exemplo se uma GESTANTE FOR AO POSTO E TIVER, Q GANHAR O NENE, de forma totalmente fora dos padrões, pois os Postos não tem uma MALA DE PARTO E 1 DISFIBRILADOR...e provavelmente não tem tambem sequer quem faça este aprelho funcionar...assim estao os Postos de Saude de P.Alegre...SUCATEADOS.- jader martins.-
Mariana. Esses absurdos acontecem em quase todos os setores no Brasil. É preciso mudar muita coisa. Beijos e ótimo fds.
MARIANA IMPORTANTISSIMO SEU TRABALHO
SUA POST,,,DE UTILIDADE PUBLICA
NOSSA SAUDE ESTA UM CAUS ASIM COMO
TODO O SERVIÇO PUBLICO,QUE DEPENDE DO GOVERNO,COMO ESCOLA PUBLICA,HOSPITAIS
E TANTAS OUTRAS INSTITUIÇÕES FALIDAS
SÓ VAI BEM O CONGRESSO E O MINISTÉRIO
O POVO O GOVERNO QUER QUE SE EXPLODA
DESCULPE O DESABAFO,MAS A REV OLTA É IMENSA
MARLENE
MARIANA IMPORTANTISSIMO SEU TRABALHO
SUA POST,,,DE UTILIDADE PUBLICA
NOSSA SAUDE ESTA UM CAUS ASIM COMO
TODO O SERVIÇO PUBLICO,QUE DEPENDE DO GOVERNO,COMO ESCOLA PUBLICA,HOSPITAIS
E TANTAS OUTRAS INSTITUIÇÕES FALIDAS
SÓ VAI BEM O CONGRESSO E O MINISTÉRIO
O POVO O GOVERNO QUER QUE SE EXPLODA
DESCULPE O DESABAFO,MAS A REV OLTA É IMENSA
MARLENE
Sabe o que é pior, não é só o atendimento de emergência que estão sofrendo super lotação, muito berçarios também estão lotados, sendo que eu pelo o último caso de infecção hospitalar neste tipo de unidade foi em Brasilia...
Fique com Deus, menina Mariana.
Um abraço.
Saúde educaçáo é obrigaçáo do governomas, os governos nem sabem o que significa obrigaçáo...
Beijo Lisette.
oi mariana.
esse problema da saúde é nacional. aqui no rio a situação em alguns hospitais é caótica. a população cresceu, os idosos são mais numerosos e o sistema não acompanhou essa evolução. temos que continuar pressionando os governos para melhorar a saúde no país.
um abraço
oi mariana.
esse problema da saúde é nacional. aqui no rio a situação em alguns hospitais é caótica. a população cresceu, os idosos são mais numerosos e o sistema não acompanhou essa evolução. temos que continuar pressionando os governos para melhorar a saúde no país.
um abraço
Este tema é muito importante e grave e somente será resolvido quando tivermos uma grande modificação do Sistema de Saúde no Brasil, tanto público como privado, em especial na saúde pública, pois hoje é gerenciada através de três esperas públicas (municipal, estadual e federal), onde existe um grande descompasso de gerenciamento e de competências. Por exemplo, Gravataí que atualmente é a quinta cidade em arrecadação no Estado do RS (Produto Interno Bruto de 2008), não possui nenhum leito disponivel para os usuários do SUS. Lembro que o único hospital da cidade é particular e somente possui leitos para convênios particulares (só pagando). Neste mesmo hospital existe uma emergência para atender o SUS, porem quando o paciente necessita de uma internação é encaminhado para Porto Alegre, Canoas ou outra cidade próxima. Um grande abraço e conte sempre comigo!
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