Depois se vê
Chuva. Nada mais ancestral. Muita água, pouca água, não importa: choverá. Em vários períodos do ano, mais forte, mais fraco: choverá. Em São Paulo, Minas, Rio, Florianópolis. E também na Alemanha, na Nova Zelândia, no Peru. Choveu nos anos 40, chove em 2011, choverá em 2068. Passado, presente e futuro sob uma única nuvem. Só que o país do futuro não pensa no futuro. Somos totalmente refratários à prevenção.
Tudo o que nos acontece de ruim provoca uma chiadeira, vira escândalo nacional – mas depois. Ficamos estarrecidos, mas depois. O antes é um período de tempo que não existe. Investir dinheiro para evitar o que ainda não aconteceu nos soa como panaquice. Se está tudo bem até as 14h30min desta quarta-feira, por que acreditar que às 14h31min tudo pode mudar? E então não se investe em hospitais até que alguém morra no corredor, não se policia uma rua até que duas adolescentes sejam estupradas, não se contrata salva-vidas até que meia dúzia morra afogada. Somos os reis em tapar buracos, os bambambãs em varrer para debaixo do tapete, os retardatários de todas as corridas rumo ao desenvolvimento. Não prevemos nada. Adoramos os astrólogos, mas odiamos pesquisa. Consideramos estupidez gastar dinheiro com tragédias que ainda estão em perspectiva. Só o erro consolidado retém nossa atenção.
A gente se entope de açúcar, não usa fio dental e depois vai tratar a cárie, se sentindo privilegiado por poder pagar um dentista. A gente aplaude a arrogância dos filhos e depois vai pagar a fiança na delegacia. A gente fuma três maços por dia e depois processa a indústria tabagista. A gente corre na estrada a 140 km/h, ultrapassa em faixa contínua e depois suborna o guarda, na melhor das hipóteses. Ou então morre, ou mata – na pior delas.
A gente vota em corrupto, depois desdenha da política em mesa de bar. A gente joga lixo no cordão da calçada, depois se surpreende em ter a rua alagada. A gente se expõe em todas as redes sociais, depois esbraveja contra os que invadiram nossa privacidade.
Precisamos de transporte público de qualidade, mas só depois de sediar a Copa do Mundo. A sociedade reclama por profissionais mais gabaritados, mas ninguém investe em professores e em universidades. E os donos de estabelecimentos comerciais só irão se dar conta de que estão perdendo dinheiro quando descobrirem os manés que contrataram para atender seus clientes. Treinamento antes, não. Se precisar mesmo, depois.
Precisamos mesmo. Só que antes.
Martha Medeiros.
Fonte:Zero Hora
quarta-feira, janeiro 26, 2011
segunda-feira, janeiro 24, 2011
Se a morte é certa,porque nos choca tanto?
Sábado a Simone(minha vizinha da casa ao lado) "grita desesperada o meu nome" para pedir ajuda,o Roberto(34 anos) estava passando mal.
Ele sentiu dores no peito, foi levado rápido pelos vizinhos ao hospital ( 5 minutos de casa)tentaram reanimá-lo por 40 minutos,mas ele não resistiu a parada cardíaca.
Com o grito da "mãe" o Rafael (2 anos) se assustou e começou a chorar, eu o pego rapidamente levo para dentro da minha casa.
O que evitou dele ver toda a mobilização do socorro.
Todas nós ficamos chocadas,paralisadas,quando os maridos retonaram do hospital e avisaram do falecimento.
Um casal de vizinhos que tem 2 anos de casados,se abraçaram na rua e choraram.
A morte chegou ao lado da minha casa, poderia ser em qualquer casa e isto é assustador.
.
Roberto era o vizinho mais novo da rua, em plena ascensão profissional, apaixonado pela mulher e pai "babão" .
Ele estava de férias, voltou quarta de Florianópolis com a família e na sexta-feira de tarde conversamos um bom tempo.
Como podemos nos chocar tanto? Se sabemos que a morte é certa e para morrer basta estar vivo (escuto desde criança) .
Eu,marido e vizinhos,todos chocados, como se diz "a ficha não caiu".
A morte chegou na casa ao lado, poderia ter sido em qualquer uma das nossas casas.
Isto assusta ainda mais quando sabemos que não somos nada.Nem eu e nem tu que estás lendo.
Vale lembrar que a vida é uma só,é curta e os momentos não voltam.O que importa é como somos,
o que temos no coração ,
o resto é o resto.
Infelizes são quem valoriza exclusivamente o "resto".
PS: Em Gravataí (260 mil habitantes) há 2 ambulâncias e nem uma estava disponível.
Não sei se o texto ficou com nexo,se coloquei em ordem as ideias, acreditem ainda estou "chocada",sem conseguir dormir e acreditar no que aconteceu.
Ele sentiu dores no peito, foi levado rápido pelos vizinhos ao hospital ( 5 minutos de casa)tentaram reanimá-lo por 40 minutos,mas ele não resistiu a parada cardíaca.
Com o grito da "mãe" o Rafael (2 anos) se assustou e começou a chorar, eu o pego rapidamente levo para dentro da minha casa.
O que evitou dele ver toda a mobilização do socorro.
Todas nós ficamos chocadas,paralisadas,quando os maridos retonaram do hospital e avisaram do falecimento.
Um casal de vizinhos que tem 2 anos de casados,se abraçaram na rua e choraram.
A morte chegou ao lado da minha casa, poderia ser em qualquer casa e isto é assustador.
.
Roberto era o vizinho mais novo da rua, em plena ascensão profissional, apaixonado pela mulher e pai "babão" .
Ele estava de férias, voltou quarta de Florianópolis com a família e na sexta-feira de tarde conversamos um bom tempo.
Como podemos nos chocar tanto? Se sabemos que a morte é certa e para morrer basta estar vivo (escuto desde criança) .
Eu,marido e vizinhos,todos chocados, como se diz "a ficha não caiu".
A morte chegou na casa ao lado, poderia ter sido em qualquer uma das nossas casas.
Isto assusta ainda mais quando sabemos que não somos nada.Nem eu e nem tu que estás lendo.
Vale lembrar que a vida é uma só,é curta e os momentos não voltam.O que importa é como somos,
o que temos no coração ,
o resto é o resto.
Infelizes são quem valoriza exclusivamente o "resto".
PS: Em Gravataí (260 mil habitantes) há 2 ambulâncias e nem uma estava disponível.
Não sei se o texto ficou com nexo,se coloquei em ordem as ideias, acreditem ainda estou "chocada",sem conseguir dormir e acreditar no que aconteceu.
sexta-feira, janeiro 21, 2011
Saúde sem leito:Não ignorem esta causa
Após ler o jornal ZeroHora de hoje(reportagem neste post)enviei esta mensagem aos jornalista:
Prezados jornalistas!
Parabenizo ZH por colocar este tema em destaque na capa.
O caos na saúde é mais que uma vergonha ,é um desrespeito e algo desumano aos cidadãos, não somente aos que necessitam da saúde pública, mas à todos que pagam impostos neste país.
Sugiro à imprensa divulgar em destaque quanto deveria ser destinado para a saúde e o valor real aplicado.(já perguntei aos políticos e nada, quem sabe vcs tem mais sorte)
Os políticos gritam pelos seus "direitos adquiridos',mas uma saúde pública de qualidade também é um direito adquirido por lei à todos os cidadãos.
Quem deveria "lutar" por nós, não seria os nossos representantes?
Neste mês o governo decidiu reduzir o valor para tratamento do câncer ( http://hype2.me/gnk8 ) e na imprensa gaúcha não saiu uma linha. É preciso "berrar" para estas afrontas à população.( Assim como foi "esperneado" com fervor em todas as páginas e por longos dias sobre os passaportes diplomáticos para os familiares do Lula).
Toda a população merece respeito,um atendimento humano principalmente nos momentos frágeis e de dor.
Cada vez que eu vejo uma reportagem dos doentes sofrendo nos hospitais, eu choro(está certa que sou chorona) de raiva, de indignação.
Não me conformo, não aceito este descaso dos governantes na área da saúde.
Não consigo me acostumar com esta realidade: o colapso nos hospitais.
Solicito aos jornalistas da área da política "cobrarem" com insistência dos políticos mais respeito na área da saúde.
Não é porque eu e vocês não precisamos recorrer à saúde pública que devemos nos isentar desta causa.
No ano passado enviei várias reportagens dos "atendimentos" nos hospitais para o Ministério da Saúde, e ele teve a coragem de responder que a saúde melhorou e que não está um caos. Deduzi que as reportagens não foram assistidas ou a definição de caos não é a mesma que eu tenho. Uma vida com dignidade aos nossos irmãos brasileiros.
Saúde para todos nós.
A REPORTAGEM:
Colapso na emergência hospitalar
Falta de vagas para internação faz com que setor emergencial dos principais estabelecimentos da Capital enfrentem superlotação
Pacientes de pé, os braços conectados ao pedestal que prende a vasilha do soro. Idosos dormindo em cadeiras, enquanto aguardam o resultado de exames. Doentes graves à espera de um leito para internação há 10 dias. Macas e poltronas nos corredores. Médicos exaustos, enfermeiras se desdobrando para aliviar a sinfonia de gemidos. O cenário não é o de uma improvisada enfermaria em tempos de guerra, mas a emergência do Hospital de Clínicas Porto Alegre (HCPA). O quadro se repete no atendimento emergencial dos outros três principais estabelecimentos da Capital.
Na última semana, o Clínicas entrou em alerta vermelho: a emergência poderia atender a 49 pacientes, mas a média vem oscilando entre 120 e 140. Ontem, às 16h, havia 125 adultos no setor e 16 na sala de espera.
– Até o dobro da capacidade, conseguimos suportar. Depois, fica inviável – avisa o administrador da emergência, Daniel Barcelos.
Transitando há 20 anos na emergência do HCPA, o clínico e nefrologista Gérson Nunes ressalta que o drama “é crônico” e parece não sensibilizar as autoridades. Sobrecarregados e aflitos com a situação, médicos, enfermeiras e auxiliares atuam no limite.
– A gente trabalha com vergonha, chateado, constrangido – diz Nunes.
A causa do esgotamento é a falta de leitos para o pós-emergência. Os pacientes entram no Clínicas e ficam no setor, porque não há vagas para internação depois do atendimento. Mas o número dos que chegam supera o dos que saem. Há doentes que ficam uma semana, 10 dias, à espera de transferência. Já houve quem morresse na emergência, à espera de internação.
Além da falta de leitos, exames entram em fila
É uma questão matemática. Os 700 leitos da ala de internação estão invariavelmente ocupados. Logo, os pacientes da emergência não podem ser removidos. Há leitos em outros hospitais, mas Nunes diz que não são equipados para casos complexos.
– O que precisamos é de leitos com capacidade de resolver. E isso não existe – reclama.
A suposição de que as emergências lotam porque alguns pacientes deveriam, antes, consultar nos postos de saúde não se confirma. O administrador Barcelos esclarece que apenas 2% não precisariam do atendimento especializado. O percentual não influi no excesso. Depois de medicados, eles voltam para suas casas.
– O problema é a falta de leito. Pacientes estão completando o tratamento na emergência, quando deveriam ir para a internação – repete Barcelos.
A saturação se reflete em todos os serviços. A agenda de exames atrasa. Nas tomografias e ecografias, a prioridade é para os pacientes graves. Barcelos nota que muitos procuram o Clínicas em busca de um diagnóstico preciso, depois de peregrinar em vão pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
Causou surpresa que a emergência superlotasse no verão, no período de férias. O médico Nunes diz que não há novidade. E desabafa:
– Sempre foi assim. Não há crise alguma agora, não há uma explicação nova. Sempre foi ruim. O problema é crônico, às vezes se torna público.
Nunes e seus colegas sentem-se expostos, constrangidos. Ele relata uma conversa que teve com um paciente, ilustrativa da precariedade:
– Pensei que ia ser internado hoje – diz o doente.
– Não, o senhor terá de aguardar leito. Isso pode levar dias, semanas – explica o médico.
– Ficarei sentado, esperando? – questiona o paciente, preparando-se para o sacrifício.>– Não, o senhor ficará de pé, porque não tem lugar para se sentar...
Paciente em cadeira desde terça-feira
Sentado em uma cadeira, a cabeça recostada à parede, Leo Miguel Niederle, 65 anos (foto), está na emergência do Clínicas desde às 7h30min de terça-feira. Veio de Ivoti com dores abaixo do abdômen. Às 21h30min de ontem, 62 horas depois de dar entrada no setor, aguardava o resultado de exames.
– Sigo esperando – balbuciou.
Leo Miguel sente dores até para falar. Às vezes, tenta dormir na cadeira, vencido pelo cansaço. Nas noites que passou na emergência, não pôde se deitar. O rosto contraído, uma lágrima escapava-lhe pelo olho esquerdo.
Prezados jornalistas!
Parabenizo ZH por colocar este tema em destaque na capa.
O caos na saúde é mais que uma vergonha ,é um desrespeito e algo desumano aos cidadãos, não somente aos que necessitam da saúde pública, mas à todos que pagam impostos neste país.
Sugiro à imprensa divulgar em destaque quanto deveria ser destinado para a saúde e o valor real aplicado.(já perguntei aos políticos e nada, quem sabe vcs tem mais sorte)
Os políticos gritam pelos seus "direitos adquiridos',mas uma saúde pública de qualidade também é um direito adquirido por lei à todos os cidadãos.
Quem deveria "lutar" por nós, não seria os nossos representantes?
Neste mês o governo decidiu reduzir o valor para tratamento do câncer ( http://hype2.me/gnk8 ) e na imprensa gaúcha não saiu uma linha. É preciso "berrar" para estas afrontas à população.( Assim como foi "esperneado" com fervor em todas as páginas e por longos dias sobre os passaportes diplomáticos para os familiares do Lula).
Toda a população merece respeito,um atendimento humano principalmente nos momentos frágeis e de dor.
Cada vez que eu vejo uma reportagem dos doentes sofrendo nos hospitais, eu choro(está certa que sou chorona) de raiva, de indignação.
Não me conformo, não aceito este descaso dos governantes na área da saúde.
Não consigo me acostumar com esta realidade: o colapso nos hospitais.
Solicito aos jornalistas da área da política "cobrarem" com insistência dos políticos mais respeito na área da saúde.
Não é porque eu e vocês não precisamos recorrer à saúde pública que devemos nos isentar desta causa.
No ano passado enviei várias reportagens dos "atendimentos" nos hospitais para o Ministério da Saúde, e ele teve a coragem de responder que a saúde melhorou e que não está um caos. Deduzi que as reportagens não foram assistidas ou a definição de caos não é a mesma que eu tenho. Uma vida com dignidade aos nossos irmãos brasileiros.
Saúde para todos nós.
A REPORTAGEM:
Colapso na emergência hospitalar
Falta de vagas para internação faz com que setor emergencial dos principais estabelecimentos da Capital enfrentem superlotação
Pacientes de pé, os braços conectados ao pedestal que prende a vasilha do soro. Idosos dormindo em cadeiras, enquanto aguardam o resultado de exames. Doentes graves à espera de um leito para internação há 10 dias. Macas e poltronas nos corredores. Médicos exaustos, enfermeiras se desdobrando para aliviar a sinfonia de gemidos. O cenário não é o de uma improvisada enfermaria em tempos de guerra, mas a emergência do Hospital de Clínicas Porto Alegre (HCPA). O quadro se repete no atendimento emergencial dos outros três principais estabelecimentos da Capital.
Na última semana, o Clínicas entrou em alerta vermelho: a emergência poderia atender a 49 pacientes, mas a média vem oscilando entre 120 e 140. Ontem, às 16h, havia 125 adultos no setor e 16 na sala de espera.
– Até o dobro da capacidade, conseguimos suportar. Depois, fica inviável – avisa o administrador da emergência, Daniel Barcelos.
Transitando há 20 anos na emergência do HCPA, o clínico e nefrologista Gérson Nunes ressalta que o drama “é crônico” e parece não sensibilizar as autoridades. Sobrecarregados e aflitos com a situação, médicos, enfermeiras e auxiliares atuam no limite.
– A gente trabalha com vergonha, chateado, constrangido – diz Nunes.
A causa do esgotamento é a falta de leitos para o pós-emergência. Os pacientes entram no Clínicas e ficam no setor, porque não há vagas para internação depois do atendimento. Mas o número dos que chegam supera o dos que saem. Há doentes que ficam uma semana, 10 dias, à espera de transferência. Já houve quem morresse na emergência, à espera de internação.
Além da falta de leitos, exames entram em fila
É uma questão matemática. Os 700 leitos da ala de internação estão invariavelmente ocupados. Logo, os pacientes da emergência não podem ser removidos. Há leitos em outros hospitais, mas Nunes diz que não são equipados para casos complexos.
– O que precisamos é de leitos com capacidade de resolver. E isso não existe – reclama.
A suposição de que as emergências lotam porque alguns pacientes deveriam, antes, consultar nos postos de saúde não se confirma. O administrador Barcelos esclarece que apenas 2% não precisariam do atendimento especializado. O percentual não influi no excesso. Depois de medicados, eles voltam para suas casas.
– O problema é a falta de leito. Pacientes estão completando o tratamento na emergência, quando deveriam ir para a internação – repete Barcelos.
A saturação se reflete em todos os serviços. A agenda de exames atrasa. Nas tomografias e ecografias, a prioridade é para os pacientes graves. Barcelos nota que muitos procuram o Clínicas em busca de um diagnóstico preciso, depois de peregrinar em vão pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
Causou surpresa que a emergência superlotasse no verão, no período de férias. O médico Nunes diz que não há novidade. E desabafa:
– Sempre foi assim. Não há crise alguma agora, não há uma explicação nova. Sempre foi ruim. O problema é crônico, às vezes se torna público.
Nunes e seus colegas sentem-se expostos, constrangidos. Ele relata uma conversa que teve com um paciente, ilustrativa da precariedade:
– Pensei que ia ser internado hoje – diz o doente.
– Não, o senhor terá de aguardar leito. Isso pode levar dias, semanas – explica o médico.
– Ficarei sentado, esperando? – questiona o paciente, preparando-se para o sacrifício.>– Não, o senhor ficará de pé, porque não tem lugar para se sentar...
Paciente em cadeira desde terça-feira
Sentado em uma cadeira, a cabeça recostada à parede, Leo Miguel Niederle, 65 anos (foto), está na emergência do Clínicas desde às 7h30min de terça-feira. Veio de Ivoti com dores abaixo do abdômen. Às 21h30min de ontem, 62 horas depois de dar entrada no setor, aguardava o resultado de exames.
– Sigo esperando – balbuciou.
Leo Miguel sente dores até para falar. Às vezes, tenta dormir na cadeira, vencido pelo cansaço. Nas noites que passou na emergência, não pôde se deitar. O rosto contraído, uma lágrima escapava-lhe pelo olho esquerdo.
terça-feira, janeiro 18, 2011
A Má Educação Urbana
Hoje faz um mês da última atualização.
Não esperava ficar tanto tempo, enfim,é fato.
Estou numa fase de reflexão,de mudança, talvez Natal,ano novo e aniversário tenham contribuído.
Voltei domingo de SC,levantava as 6:30 h e ia com o meu chimarrão para a beira da praia,apreciar o mar e conversar com ele.
Valeu muito o bate-papo.
Estou bem e estou de volta.
Um forte abraço.
Primeira postagem de 2011
A MÁ EDUCAÇÃO URBANA
O custo da falta de civilidade
Em um ano, a Brigada Militar recebe mais de 300 mil trotes no Estado. Todos os meses, 6,6 mil orelhões são danificados. Diariamente, mais de 400 motoristas são multados por estacionar o carro em local proibido.
Os números escancaram como a falta de civilidade conturba a vida de gaúchos e brasileiros, desafiando sociedade e autoridades a encontrar soluções. Em Porto Alegre, deverá ser lançada nas próximas semanas uma campanha destinada a combater a má-educação urbana.
A sociedade não percebe o que é público como seu. O resultado disso é a necessidade de que o Estado esteja presente em tudo o tempo inteiro – avalia, lembrando que o perfil patrimonialista do Estado brasileiro reforça esse sentimento.
As razões
Confira algumas das hipóteses de especialistas para explicar as origens da falta de educação social dos brasileiros: -
Até os anos 50, preponderava no país a cultura interiorana nascida da tradição rural. As relações baseadas no conhecimento interpessoal e no respeito a autoridades, porém, entraram em colapso com a rápida urbanização – e ainda não foram substituídas por outro código de comportamento.
- Os brasileiros têm dificuldade de perceber os bens de uso público como seus, o que favorece o descuido e a depredação. Isso pode ser explicado pelo caráter patrimonialista do Estado, que enfraquece o controle social, e pela tendência da população de esperar soluções sempre dos governantes.
- No Brasil, uma frase comum é “você sabe com quem está falando?”, denotando prepotência associada a poder econômico ou político. Em países desenvolvidos, é mais comum a frase “quem você pensa que é para falar assim?”, indicando maior consciência sobre deveres e direitos iguais.
Pichação
1.254 prédios públicos ou privados da Capital danificados por vândalos nos últimos quatro anos e sete meses. As pichações resultaram em 88 adultos e 159 adolescentes autuados e identificados.A prefeitura de Porto Alegre não dispõe de informações, porém, do quanto a depredação onera os cofres públicos.
Telefones
6,6 mil orelhões 10% dos 66 mil aparelhos do Rio Grande do Sul) sofrem, a cada mês, em média,algum ato de vandalismo. Os casos mais comuns envolvem danos às leitoras de cartões, ao fone, ao teclado, pichações e colagem de propaganda.
Iluminação pública
R$ 188 mil de prejuízo nos últimos três anos em decorrência de atos de vandalismo contra a iluminação pública da Capital, obrigando a reposição de luminárias, cabea mento, reatores e postes.
Trânsito
157 mil multas aplicadas em 2010 por estacionamento indevido em todo o RS
– o 3º tipo mais comum de infração,conforme dados preliminares Detran. Além de prejudicar a circulação dos demais motoristas, essa atitude atrapalha a vida de pedestres.
Segurança pública
327.770 trotes aplicados à Brigada Militar em um ano, apenas em Porto Alegre. São,em média, 37 ligações por hora, feitas geralmente por adolescentes,principalmente nas férias. Em janeiro do ano passado, foram 35.643,superando a média mensal de 27 mil. Além de causar desgastes desnecessários, os trotes ocupam uma das 15 linhas disponíveis no Ciosp da Capital, impedindo que ocorrências reais sejam informadas.
Transporte coletivo
90 ônibus, em média, da empresa Carris, da Capital, voltam para a garagem com algum dano provocado por passageiros mal-intencionados, a cada mês. O desrespeito envolve desde riscos na carroceria, fixação de adesivos e chicletes nos bancos – mais comuns – até ações mais graves como vidros quebrados ou lixeiras arrancadas. Isso significa que, em um mês, até um quarto da frota é vítima de alguma forma de falta de educação.
Fonte:ZH jornalista:Marcelo Gonzatto
Não esperava ficar tanto tempo, enfim,é fato.
Estou numa fase de reflexão,de mudança, talvez Natal,ano novo e aniversário tenham contribuído.
Voltei domingo de SC,levantava as 6:30 h e ia com o meu chimarrão para a beira da praia,apreciar o mar e conversar com ele.
Valeu muito o bate-papo.
Estou bem e estou de volta.
Um forte abraço.
Primeira postagem de 2011
A MÁ EDUCAÇÃO URBANA
O custo da falta de civilidade
Em um ano, a Brigada Militar recebe mais de 300 mil trotes no Estado. Todos os meses, 6,6 mil orelhões são danificados. Diariamente, mais de 400 motoristas são multados por estacionar o carro em local proibido.
Os números escancaram como a falta de civilidade conturba a vida de gaúchos e brasileiros, desafiando sociedade e autoridades a encontrar soluções. Em Porto Alegre, deverá ser lançada nas próximas semanas uma campanha destinada a combater a má-educação urbana.
A sociedade não percebe o que é público como seu. O resultado disso é a necessidade de que o Estado esteja presente em tudo o tempo inteiro – avalia, lembrando que o perfil patrimonialista do Estado brasileiro reforça esse sentimento.
As razões
Confira algumas das hipóteses de especialistas para explicar as origens da falta de educação social dos brasileiros: -
Até os anos 50, preponderava no país a cultura interiorana nascida da tradição rural. As relações baseadas no conhecimento interpessoal e no respeito a autoridades, porém, entraram em colapso com a rápida urbanização – e ainda não foram substituídas por outro código de comportamento.
- Os brasileiros têm dificuldade de perceber os bens de uso público como seus, o que favorece o descuido e a depredação. Isso pode ser explicado pelo caráter patrimonialista do Estado, que enfraquece o controle social, e pela tendência da população de esperar soluções sempre dos governantes.
- No Brasil, uma frase comum é “você sabe com quem está falando?”, denotando prepotência associada a poder econômico ou político. Em países desenvolvidos, é mais comum a frase “quem você pensa que é para falar assim?”, indicando maior consciência sobre deveres e direitos iguais.
Pichação
1.254 prédios públicos ou privados da Capital danificados por vândalos nos últimos quatro anos e sete meses. As pichações resultaram em 88 adultos e 159 adolescentes autuados e identificados.A prefeitura de Porto Alegre não dispõe de informações, porém, do quanto a depredação onera os cofres públicos.
Telefones
6,6 mil orelhões 10% dos 66 mil aparelhos do Rio Grande do Sul) sofrem, a cada mês, em média,algum ato de vandalismo. Os casos mais comuns envolvem danos às leitoras de cartões, ao fone, ao teclado, pichações e colagem de propaganda.
Iluminação pública
R$ 188 mil de prejuízo nos últimos três anos em decorrência de atos de vandalismo contra a iluminação pública da Capital, obrigando a reposição de luminárias, cabea mento, reatores e postes.
Trânsito
157 mil multas aplicadas em 2010 por estacionamento indevido em todo o RS
– o 3º tipo mais comum de infração,conforme dados preliminares Detran. Além de prejudicar a circulação dos demais motoristas, essa atitude atrapalha a vida de pedestres.
Segurança pública
327.770 trotes aplicados à Brigada Militar em um ano, apenas em Porto Alegre. São,em média, 37 ligações por hora, feitas geralmente por adolescentes,principalmente nas férias. Em janeiro do ano passado, foram 35.643,superando a média mensal de 27 mil. Além de causar desgastes desnecessários, os trotes ocupam uma das 15 linhas disponíveis no Ciosp da Capital, impedindo que ocorrências reais sejam informadas.
Transporte coletivo
90 ônibus, em média, da empresa Carris, da Capital, voltam para a garagem com algum dano provocado por passageiros mal-intencionados, a cada mês. O desrespeito envolve desde riscos na carroceria, fixação de adesivos e chicletes nos bancos – mais comuns – até ações mais graves como vidros quebrados ou lixeiras arrancadas. Isso significa que, em um mês, até um quarto da frota é vítima de alguma forma de falta de educação.
Fonte:ZH jornalista:Marcelo Gonzatto
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